Distonia é um distúrbio do movimento que pode ocorrer em várias situações e doenças diferentes. Ela pode ocorrer isoladamente ou associada a outros sinais e sintomas. A distonia é caracterizada por contrações musculares que causam movimentos e/ou posturas anormais (por exemplo, do pescoço, do tronco, das mãos e dos pés).
Ela pode ocorrer de várias formas:
- Distonias focais (de uma parte do corpo) como, por exemplo, a distonia cervical (na qual há uma postura anormal do pescoço), como o blefaroespasmo (contração anormal dos músculos ao redor dos olhos, causando piscamentos frequentes, dificuldade em manter os olhos abertos) e a câimbra do escrivão (na qual há dificuldade na escrita por uma postura anormal da mão nesta atividade);
- Formas segmentares (acometendo duas regiões próximas do corpo);
- Formas generalizadas nas quais o tronco e outras regiões do corpo estão acometidas como os braços, pernas e/ou pescoço.
Muitas vezes, a busca por um diagnóstico é árdua e muitos pacientes demoram para obter o diagnóstico e tratamento correto. As distonias podem ser hereditárias (causas genéticas, podendo acometer mais de um membro da família), adquiridas (distonias associadas a outras doenças como paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico, doença de Wilson, entre outras) e idiopáticas (causas ainda desconhecidas).
Com o diagnóstico, muitas formas diferentes de tratamento para melhora dos sintomas (posturas anormais, contrações, dor, etc...) estão disponíveis. Existem várias opções de medicamentos orais (alguns tipos de distonias genéticas como a DYT5 tem uma ótima resposta a levodopa), além de, no geral, terem uma boa resposta a aplicação de toxina botulínica.
A toxina botulínica é o tratamento de escolha para muitas distonias focais, tendo também um papel importante nas distonias segmentares e generalizadas. Porém, estas últimas, muitas vezes, necessitam de tratamentos adicionais. Reabilitação também é fundamental com o trabalho em conjunto de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros.
Outra forma de tratamento que pode ser indicada em alguns tipos de distonia é o tratamento cirúrgico. O tratamento cirúrgico pode consistir em cirurgias ablativas (cirurgias que causam uma lesão pontual em uma área específica do cérebro para melhora de sintomas) e em cirurgias de estimulação cerebral profunda, do inglês Deep Brain Stimulation, o famoso DBS (nessas é deixado um eletrodo em uma área específica do cérebro para modular as vias cerebrais afetadas pela distonia, com o objetivo de melhorar dos movimentos, das posturas e de outros sintomas como dor).
Vale lembrar que nesses casos um acompanhamento com um neurologista faz a diferença, tanto no início dos sintomas, quanto após.
Dra. Clarice Listik
CRM: 161.574 / RQE: 66.420