A estimulação cerebral profunda ou (DBS do inglês Deep Brain Stimulation) é uma cirurgia que visa estimular ou inibir regiões cerebrais que estejam com funcionamento inadequado. Esta modalidade neurocirúrgica é chamada de neuromodulação.
Durante o procedimento são implantados eletrodos cerebrais com precisão milimétrica, através de uma técnica chamada de estereotaxia. De modo geral, é realizada a fixação de um halo metálico no crânio do paciente e realizada uma tomografia momentos antes do início da cirurgia. Este procedimento é indolor, pois são realizados bloqueios anestésicos no local de fixação, porém alguns pacientes referem uma sensação de pressão logo no início da fixação, que melhora em alguns minutos. A correta fixação do halo com permite realizar o procedimento com máxima precisão. A tomografia do paciente é fundida com exames de ressonância magnética realizados previamente pelo paciente e com atlas cerebrais para a visualização de regiões que podem não ser diretamente visíveis no exame do paciente.
Dr. Eduardo Alho em seu doutorado na Universidade de Würzburg (Alemanha) iniciou um projeto de mapeamento cerebral e desenvolvimento de um novo atlas cerebral para aumentar a precisão deste tipo de procedimentos. Este projeto é chamado USP-Würzburg Atlas of the Human Brain. Este projeto foi descrito pelo dr. Alho na revista Scientific American Brasil, publicada em abril de 2018, edição 182.
Em alguns casos, o implante dos eletrodos pode ser feito com o paciente acordado para que possa ser examinado durante o procedimento. Embora o paciente esteja acordado, é feita uma sedação e anestesia local para que o paciente não sinta dor e o procedimento seja com o mínimo de desconforto possível. Após a primeira fase da cirurgia (implante dos eletrodos no cérebro), o paciente é então submetido à anestesia geral para o implante do gerador (que é análogo a um marcapasso), abaixo da clavícula. Todos os fios e conexões ficam debaixo da pele, sem nenhuma exposição.
Em 2012, dr. Eduardo Alho foi o vencedor de um concurso de escrita científica realizado na Universidade de Würzburg, Alemanha. O texto vencedor descreveu a evolução da doença de Parkinson ao longo dos anos na perspectiva do paciente, culminando na descrição do procedimento de DBS. Este texto pode ser baixado aqui.
As indicações mais comuns e consolidadas de DBS são as doenças de Movimentos Anormais, como a doença de Parkinson, o tremor essencial e a distonia. Devemos lembrar que mesmo nas doenças em que é eficaz, a DBS é indicada apenas em casos específicos e fases específicas das doenças, sendo que a avaliação por um neurologista especialista é fundamental para a correta indicação do procedimento. Existem protocolos de avaliação para determinar se o paciente é um bom candidato ou não para a realização da cirurgia.
Além das indicações acima, já consolidadas na literatura médica, outras indicações têm emergido com possíveis benefícios da DBS. Dentre elas estão Epilepsia, Transtorno obsessivo compulsivo (TOC), Síndrome de Tourrete, Depressão grave, Agressividade Patológica, Cefaléia em Salvas, Dor neuropática, Transtornos Alimentares (Obesidade), Drogadição, Ataxia Cerebelar, Doença de Alzheimer, Espasticidade e Estado de Consciência Mínima. Cada uma destas doenças tem evidências variáveis na literatura, de maneira que em geral não são recomendadas fora de protocolos de pesquisa e nem cobertas pelos seguros de saúde, pela falta de evidência científica de custo-benefício. Os casos, se indicados, deverão ser rigorosamente analisados por comitês de especialistas do Conselho Regional de Medicina para verificação de sua pertinência. Dr. Eduardo Alho e Dra. Clarice Listik, ambos da CDF, participam do comitê do CREMESP para avaliação dos casos de indicação de cirurgias de indicação psiquiátrica do estado de São Paulo. Em geral os pacientes operados para estas condições entram em protocolos de pesquisa de grandes centros e instituições.
Outras informações sobre DBS podem ser encontradas aqui.
Dr. Eduardo Joaquim Lopes Alho
CRM: 109.697 / RQE: 39.299