O tremor essencial, também chamado de tremor familiar ou tremor benigno, é uma doença neurológica que se manifesta por meio de tremores involuntários e rítmicos. Os tremores ocorrem principalmente nas mãos, mas também podem afetar outras partes do corpo, como a cabeça, as pernas e o tronco. Os tremores são mais perceptíveis quando as mãos são mantidas extentidas ou durante a ação, podendo melhorar durante o repouso.
Essa condição pode causar diversos problemas na vida do paciente, principalmente em atividades que exigem precisão manual, como na assinatura, escrita, digitação, alimentação ou atividades de precisão e para segurar objetos. Além disso, o tremor pode afetar a autoestima e o bem-estar emocional do paciente, especialmente se forem muito perceptíveis, chamando a atenção de terceiros.
Como é o diagnosticado?
O diagnóstico é feito com base nos sintomas apresentados pelo paciente e em exames neurológicos. O médico pode solicitar exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, para descartar outras doenças neurológicas. Não há um exame específico que possa confirmar o diagnóstico do tremor essencial. Uma dúvida comum apresentada por pessoas com tremor essencial é se estão com Doença de Parkinson. Diferentemente do tremor essencial, o tremor da Doença de Parkinson é assimétrico, piora durante o repouso e melhora durante a ação, além de estar associado com outros sintomas como a diminuição dos movimentos e rigidez.
Quais são as causas?
A causa exata do tremor essencial ainda não é conhecida, mas sabe-se que fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o seu surgimento. O distúrbio pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em pessoas idosas. Diversos gatilhos podem exacerbar o tremor essencial, como estresse, febre, ingestão de estimulantes, chocolate ou cafeína, infecção, dor, hipoglicemia, cansaço físico entre outros.
Existe tratamento? Quais as opções?
Embora não haja cura para o tremor essencial, existem diversos tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas. O tratamento mais comum é o uso de medicamentos que reduzem a atividade do sistema nervoso, como betabloqueadores e alguns anticonvulsivantes. Além disso, a terapia ocupacional e a fisioterapia podem ajudar a melhorar a coordenação motora e reduzir os tremores. Eliminar os gatilhos é uma ótima estratégia para se obter melhora clínica. Muitos pacientes reportam que notam uma melhora espontânea quando estão bem relaxados e descansados, assim como após a ingestão de uma taça de vinho.
Para os casos refratários, o tratamento neurocirúrgico está indicado. Pode ser realizado de diferentes maneiras:
- Tratamento com lesão ablativa encefálica (talamotomia). Esse tratamento promove uma destruição controlada e direcionada em um núcleo específico do tálamo (núcleo ventral intermédio – Vim), proporcionando melhora importante e imediata do tremor. Pode ser realizada de forma estereotáctica com lesão por radiofrequência ou de forma não-invasiva com ultrassom focado guiado por ressonância magnética (HIFU).
- Estimulação encefálica profunda (DBS). Essa cirurgia consiste no implante de um ou mais eletrodos encefálicos profundos, geralmente no núcleo ventral intermédio do tálamo, podendo haver outros alvos, conectados a um marca-passo neurológico também implantado no paciente. Assim, o eletrodo irá estimular o núcleo de maneira específica, o que promove importante melhora nos sintomas. A vantagem desse tratamento neuromodulatório é sua reversibilidade, diferentemente das cirurgias ablativas, onde o efeito após a cirurgia não pode ser revertido.
Como o envelhecimento pode estar relacionado ao surgimento do tremor essencial?
O envelhecimento é um dos fatores de risco para o surgimento do tremor essencial. Estudos mostram que a prevalência do distúrbio aumenta com a idade, e que cerca de 4% da população com mais de 40 anos apresenta sintomas de tremor essencial. A maioria apresenta sintomas discretos, não necessitando sequer de tratamento clínico.
Com o passar dos anos podem ocorrer alterações no cérebro e no sistema nervoso que contribuem para intensificação do tremor essencial. À medida que envelhecemos, o número de células cerebrais diminui e a comunicação entre as células pode se tornar menos eficiente. Outro fator que pode estar relacionado ao surgimento do tremor essencial em idosos é o acúmulo de toxinas no organismo ao longo do tempo. O sistema nervoso pode ser afetado por substâncias tóxicas presentes no meio ambiente ou em medicamentos, por exemplo.
É importante ressaltar que o envelhecimento não é o único fator relacionado ao tremor essencial, havendo outros que também podem contribuir. Por isso, é fundamental que o paciente seja avaliado por um médico especialista para que o diagnóstico seja feito de forma adequada e o plano de tratamento estabelecido.
O tratamento pode ser adaptado para pacientes idosos?
Pacientes idosos que apresentam tremor essencial podem ter necessidades específicas, devido a outras condições de saúde e ao uso de outros medicamentos. É importante que o tratamento seja adaptado para cada paciente, levando em consideração suas necessidades e limitações.
Como lidar com os efeitos psicológicos dessa condição?
O tremor essencial pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, especialmente em relação aos efeitos psicológicos. O tremor pode afetar a autoestima e a confiança do paciente, além de dificultar a realização de atividades cotidianas.
Uma das estratégias para lidar com esses efeitos psicológicos é buscar o apoio de familiares e amigos. O suporte emocional pode ajudar o paciente a lidar com as dificuldades do dia a dia e a manter uma perspectiva positiva.
Além disso, a prática de atividades físicas pode ser benéfica para o paciente com tremor essencial, tanto do ponto de vista físico quanto psicológico. Exercícios como caminhada, ioga e tai chi podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, além de melhorar a coordenação motora.
A terapia cognitivo-comportamental também pode ser uma opção para pacientes com tremor essencial que enfrentam problemas emocionais. A terapia pode ajudar o paciente a desenvolver habilidades para lidar com o tremor e com os pensamentos negativos relacionados à doença.
Por fim, é importante lembrar que o tratamento do tremor essencial pode ser eficaz na redução dos sintomas, o que pode contribuir para melhorar a qualidade de vida do paciente e reduzir os efeitos psicológicos da doença. Por isso, é fundamental buscar ajuda médica especializada e seguir as orientações do profissional de saúde.
É possível prevenir o tremor essencial?
Não há uma forma conhecida de prevenir o surgimento dessa doença, mas alguns hábitos saudáveis podem ajudar a reduzir os riscos de seu desenvolvimento, como evitar o consumo excessivo de álcool, manter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente.
Embora não haja uma cura para o tremor essencial, existem diversos tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas. Pacientes idosos que apresentam tremor essencial podem ter necessidades específicas de tratamento, e é importante que o tratamento seja adaptado para cada paciente. Além disso, é importante que o paciente receba suporte emocional e psicológico, e adote hábitos saudáveis para reduzir os riscos de desenvolver a doença.